Nossa história começa, em 2008, quando te conheci pela primeira vez, fiquei fascinada com seu tamanho, em andar de metrô, hoje a linha Azul, que conheci pela primeira vez. Anos mais tarde, ganhei um bônus em te ver de novo, estudar francês, por 2 dias, um minicurso que eu ganhei no colégio Lycée Pasteur na zona norte. São Paulo, nosso amor é de outras vidas. E então, em 2 de fevereiro de 2023, o ano mais louco da minha vida, mas com certeza o melhor até hoje, assinei meu primeiro contrato de trabalho, era um sonho se realizando, meu sonho ali, materializado, eu finalmente estava em São Paulo, escrevendo a minha história. São Paulo, você me acolheu com um amor tão grande quanto os seus prédios na Faria Lima, você me trouxe amigos verdadeiros, que mesmo pouco me conhecendo, ofereceram seu lar para eu repousar a cabeça, para no dia seguinte continuar a vida em busca dos meus sonhos. São Paulo, nunca foi sobre os outros, foi sempre sobre nós duas, a cidade dos meus sonhos, a cidade q...
Às vezes, o que sobra de uma história não é a revolta ou o inconformismo de Deus não ter ouvido as nossas preces, às vezes o que sobra de uma história, são os retalhos, os pedaços dos inteiros que fomos um dia. As cicatrizes não se apagarão nunca, nem da pele, nem da alma e é por isso, que a gente acaba por lembrar dos dias que fizemos as malas e fomos deixados sozinhos no terminal esperando por alguém que não apareceria e que nem pretendia aparecer. Renúncias. Nos lembramos dos dias que nos sentenciamos em lágrimas, em um sentimento que dói de um tanto sem tamanho, de não ter descobrido a verdade a tempo, quem é que não quer ser capaz de traduzir em palavras a abstratividade daquilo que nunca foi, aquele nó que dá na garganta, que bagunça o estômago e manda o nosso sono para uma sala de tortura.
A tristeza nunca passa, ela melhora, mas não vai embora, às vezes, os gatilhos de memória nos deixam pior, mas a fiel caneta no calendário, de dia após dia cumprir a promessa de seguir em frente precisa funcionar. Olha em cima da cama, quantos retalhos para nós costurarmos e construirmos um novo eu, porque o antigo não foi capaz de se defender, não foi capaz de gritar, protestar e principalmente, fugir. O antigo eu, acreditava em palavras, ignorava insultos, era fraco, mas em defesa daquele alguém que fomos algum dia, aquele eu não tinha consciência do que estava vivendo, porque diferente desse que tem sido gerado dentro de nós, ele acreditava que todas as pessoas poderiam lhe oferecer seu melhor lado, como uma criança, que oferece o que tem com um tímido sorriso no rosto, para um adulto.
Nas linhas das minhas costuras, tem lágrimas, saudades e superação. Choramos, porque não somos capazes de desejar essa dor nem para nosso maior inimigo. Temos saudades das pessoas alegres que fomos antes de todo o mal acontecer, mas por fim, também temos a superação, de que mesmo doendo, de que mesmo que as memórias nos deixem à beira da loucura, no outro dia acordamos serenamente bem, para continuar repetindo para nós mesmos: vai passar.
Tem azul, vermelho e amarelo também, tem estampa floral, tem estampa de listras e bolinhas e minha cara pálida, têm minhas mãos machucadas do trabalho que tenho construído, a reforma demora, precisa ficar bonito, precisamos reforçar os pontos, precisamos pôr palavras, melodias e paciência. Acordar dói, mas é necessário, e Deus está no controle de todas as coisas, espero que daqui algumas primaveras meus retalhos tenham se transformado em um belo vestido ou quem sabe num cobertor aconchegante pro meu coração, que esses retalhos me vistam do novo eu que mereço me transformar, não só eu, mas você também.
Continue a costurar seus retalhos,
Traga Rosas Para Mim 🌹🍃